Anjo Da Noite

Tomou-me vossa vista soberana

Aonde tinha as armas mais à mão,

Por mostrar que quem busca defensão

Contra esses belos olhos, que se engana.

Por ficar da vitória mais ufana,

Deixou-me armar primeiro da razão;

Cuidei de me salvar, mas foi em vão,

Que contra o Céu não vale defensa humana.

Mas porém, se vos tinha prometido

O vosso alto destino esta vitória,

Ser-vos tudo bem pouco está sabido.

Que posto que estivesse apercebido,

Não levais de vencer-me grande glória;

Maior a levo eu de ser vencido.



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