"(...) São fiéis, as coisas
de teu escritório. A caneta velha. Recusas-te a trocá-la
pela que encerra o último segredo químico, a tinta imortal.
Certas manchas na mesa, que não sabes se o tempo,
se a madeira, se o pó trouxeram contigo.
Bem a conheces, tua mesa.
Cartas, artigos, poemas
saíram dela, de ti. Da dura substância,
do calmo, da floresta partida elas vieram,
as palavras que achaste e juntaste, distribuindo-as.
A mão passa na aspereza.
O verniz que se foi. Não. É a árvore que regressa.
(...)"(Carlos D. de Andrade, "Indicações" - em A rosa do povo)
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